ROUPA ESCÂNDALO
Muitas propostas de moda são lançadas nas passarelas.
A moda comercial sempre é certeza de sucesso, mas novas estéticas exigem um período de assimilação.
Ao deparar com qualquer visual que se afaste do que estamos acostumados, é natural uma primeira rejeição, mas se esta imagem se repete mais vezes acabamos não só acostumando, como absorvendo para o uso próprio.
O que parecia impossível passa a ser fundamental.
Já aconteceu muitas vezes na historia da moda.
O estilista ousa na passarela apenas em busca de exposição na mídia.
Só que as vezes a moda pega.
Na coleção de inverno 2005 Marc Jacobs, ex estilista da Louis Vuitton, lançou um vestido com formas arredondadas lembrando lanternas japonesas que a imprensa crucificou batizando de saco de batata, roupas da Família Addams ou vestido para a formanda grávida.
Na estação seguinte a proporção foi repetida por todos os estilistas. A saia tulipa que tem a forma da flor, aumentando os quadris e ajustando a boca, virou tendência forte.
O mesmo Marc Jacobs já havia sido demitido em 1992 da AnnTaylor ao se inspirar no movimento grunge. Vestidos estampados sobre camisetas com camisas amarradas nos quadris e sandália Birkenstock com meias, tudo traduzido em tecidos de luxo.
Parece normal hoje em dia, mas foi encarado como um susto pelos compradores.
O tempo passou para mostrar que mesmo radical no lançamento, a moda acaba convencional.
E por isto precisa se reinventar a cada primavera ou outono.
Deu Zebra
Antes de Lady Gaga qualquer coisa estranha causava tumulto.
Atualmente os estilistas precisam se esforçar para criar exotismos na passarela que possam virar noticia de primeira página da mídia em geral.
Propostas que deram o que falar e acabaram pegando
1930- Calças compridas
Marlene Dietrich foi presa por vestir calças nas ruas de Paris. Somente nos anos 1970 as calças femininas superaram todas as barreiras pelas mãos de Yves Saint Laurent.
A calça comprida colaborou para que a mulher pudesse trabalhar confortavelmente.
1946-Biquíni
O biquíni foi oficialmente lançado e registrado em 26 de junho de 1946.
Na falta de modelos profissionais com coragem para mostrar a indecência, o inventor francês Louis Reard recorreu à corista Michele Bernardini, do Cassino de Paris.
Prevendo a crítica negativa da imprensa, estampa o primeiro modelos com notícias de jornal.
A idéia não cola, dia seguinte as manchetes torcem o nariz reprovando os “quatro triângulos do nada”.
Mesmo contra todas as correntes o pequeno biquíni ganhou espaço nos balneários mais charmosos da época. Era só o começo de uma revolução nos costumes.
O biquíni pintou em praias brasileiras em 1948, trazido por uma alemã que adorava os trópicos.
Nos anos 80 a tanga fio dental também causou problemas em muitas praias brasileiras.
1947- New Look
Christian Dior foi aplaudido por mudar a estética feminina no pós-guerra, mas duramente criticado pelo desperdício de tecidos nas saias rodadas que chegavam a gastar 6 m. de tecido. As primeiras a adotar tiveram as roupas rasgadas.
Muitas elegantes acabavam em frangalhos ao adotar o New Look de Christian Dior no final dos anos 1940.
Os vestidos do New Look se baseavam na moda de 1860.
Tinham saias amplas que se abriam a partir de uma cintura justíssima.
Para um vestido médio eram gastos de seis a nove metros de tecido. Quase uma cortina. As bainhas das saias ostentavam oito metros de roda.
Significava o extremo oposto das roupas econômicas impostas pelo racionamento durante a guerra.
Por este e outros motivos, o estilo foi considerado dispendioso, extravagante e artificial. Quem resolvia adotar o figurino, saia rasgada. As mais tradicionais destruíam as roupas inspiradas pelas extravagâncias de Dior
Em Londres, onde o racionamento de tecidos durou até março de 1949, a Câmara de Comercio Britânica considerou esta moda frívola.
Depois de um período de escassez tanta extravagância pegou mal, mas com esta loucura Dior conseguiu exportar suas coleções para as americanas ricas, já que a Europa precisava se reconstruir.
1964- Monoquíni
Rudi Gernreich lançou um maiô sem à parte de cima que deu até cadeia. Muitas televisões saíram do ar por mostrar a novidade.
1964- Minissaia
Pela minissaia as garotas dormiram na cela por desfilar com as pernas a mostra.
As famílias proibiam o uso da saia curta, mas todas enrolavam o cós para subir a bainha ao sair de casa.
A saia curta serviu para encorajar na emancipação feminina que aconteceria no fim dos anos 1960.
1965- Moda Unissex
Nesta época a androgenia inspirou a moda e as mulheres assaltaram o guarda roupa dos homens e os rapazes absorveram algumas tendências femininas como o uso da cor rosa e tecidos acetinados. O movimento ficou cafona em seguida, mas permitiu aos homens um toque de fantasia na sobriedade característica da roupa masculina.
1968- Midi e maxissaia
Mulheres foram ridicularizadas por adotar estes comprimentos nas ruas.
1971- A moda inspirada nos tempos de guerra
A coleção de alta costura de Yves Saint Laurent para a primavera-verão 1971 chamada “Liberação” ou “Quarenta” ficou conhecida como a “coleção do escândalo”. Totalmente inspirada na França dos anos 1940, no período do país ocupado pelos nazistas foi considerada de mal gosto estético e conceitual.
Muitos viram ali um retrô velho e mofado – e também hiper sexualizado e vulgar – que parecia prestar homenagem às mulheres “colaboracionistas”, aquelas que traíam a nação francesa ajudando ou sendo coniventes com os invasores nazistas. Yves era muito jovem para ter vivido aquele período e, na opinião dos críticos, parecia não ter noção dos horrores de uma época que deveria ser esquecida ao invés de celebrada.
Apesar do ruído, a camada jovem que não viveu a tragédia adotou o estilo.
1981/1983 – Invasão japonesa
Roupas assimétricas, pretas, enormes, cheias de furos, minimalistas e desconstrutivistas assustaram os consumidores ocidentais no início, mas foram logo festejadas pelos críticos de moda e compradores em geral.
Muitas pessoas foram confundidas com mendigos ao usar o estilo.
Porém serviu para descontrair o estilo formal da época.
1982- Ombreiras gigantes
Ombros enormes para dar poder as mulheres que neste período já competiam por cargos mais importantes nas empresas. Os ombros se tornaram tão grandes que causavam transtorno em elevadores pequenos.
Peles naturais de animais
As estrelas de cinema como Sophia Loren (foto) ajudaram a difundir o uso dos casacos e acessórios em pele animal e sempre causaram polemica. De um lado a indústria das peles se defende com o argumento que os animais são criados para o abate, assim como os frangos. Do outro o PET repudia a violência aos animais com a finalidade apenas de enfeitar.
Nos anos 40 no auge da Segunda Guerra Mundial as peles animais estiveram em alta porque os tecidos de inverno eram usados para fazer roupas para os soldados em combate. A criatividade da indústria descobriu a pele natural como uma alternativa para combater o frio.
Hoje fica meio sem sentido, já que as peles artificiais, as biofurs são lindas e aquecem igual.