Os turbantes viraram moda em Paris
Em qualquer lugar se vê alguma mulher usando o acessório como tendência de moda.
Mas o complemento despertou polêmica sobre apropriação cultural.
Símbolo da cultura negra e diretamente associado a rituais religiosos de matriz africana, o uso do turbante está – ou deveria estar – vinculado a uma reflexão madura, antes histórica do que estética, sobretudo por parte de mulheres brancas.
Mas segundo o livro “História ilustrada do vestuário” (Publifolha) de Melissa Leventon, há referências sobre o uso do adereço entre homens e mulheres, em diferentes épocas, por diversas etnias e com vários significados e não só pelos povos africanos.
Existe uma clara diferença entre o turbante africano e os truques de styling para uso de lenços.
São duas coisas diferentes e por isso nem vale a pena entrar no debate quando a discussão gira em torno de uma tendência passageira na moda.
Dolce & Gabbana costumam bordar Santas Cristãs em suas roupas e aparentemente a Igreja Católica parece não se importar, ou entender que não “diminui” o respeito aos dogmas religiosos por se tratar apenas de um vestuário.
Mas acho interessante que as “modernas” que adotarem o uso do turbante conheça suas origens e significados contidos no complemento.
O turbante é um símbolo étnico de culturas da Ásia, África e também da Bahia
O turbante podia indicar a origem, tribo ou casta da pessoa, identificar a religião ou a posição social
O turbante consiste em uma grande tira de pano enrolada sobre a cabeça, e de uso muito comum na Índia, no Bangladesh, no Paquistão, no Afeganistão, no Oriente Médio, no Norte da África, no Leste da África, no Sul da Ásia e em algumas regiões da Jamaica.
Existem inúmeras formas de amarrações, cada uma pode passar uma mensagem diferente – pode indicar a classe social, a tribo e até mesmo o humor.
No Oriente Médio um turbante pode ter até 45 metros de extensão.
A origem deste acessório é desconhecida, mas sabe-se que já era usado no Oriente muito antes do surgimento do islamismo.
Os sikhs, que não são nem muçulmanos e nem árabes, constituem a maioria das pessoas que usam turbantes no mundo ocidental.
O atavio também é comum nas religiões tradicionais africanas, afro-americanas e afro-brasileiras, podendo ser de vários tipos e cores.
A Europa também aderiu primeiramente entre marinheiros e navegadores, mas no século 18, o turbante tornou-se item de moda para as francesas. Feito com grande quantidade de tecidos leves arranjados cuidadosamente na cabeça das damas, o enfeite foi sucesso até meados do século 19.
No Brasil, o atavio chegou pelas mãos dos africanos que eram trazidos como escravos. As mucamas usavam turbantes nas cabeças não como trajes da “moda”, até porque, havia uma série de restrições legais e econômicas que limitavam as suas escolhas.
Carmem Miranda, a rainha dos turbantes
Muita gente pensa que Carmem Miranda inventou o turbante, mas ele já era usado no Oriente bem antes do surgimento do islamismo.
Carmem apenas colocou este acessório em cena popularizando-o na moda ocidental da década de 1940.
Seus famosos turbantes foram vistos nas cabeças mais famosas do planeta.
Greta Garbo, Coco Chanel, Elizabeth Taylor, Gloria Swanson, Simone de Beauvoir e até mesmo a rainha Elizabeth usaram turbantes e algumas fixaram suas imagens com este tipo de adorno.
A costureira Madame Grés usava o turbante como marca pessoal, não tirava nunca.
Depois de aparecer enfeitando Beyoncé, Kate Moss e Salma Hayec, os turbantes invadiram as ruas
Beyoncé veio ao Brasil com turbante.
Salma Hayec e Kate Moss adotaram turbantes.
Sarah Jessica Parker também é fã deste complemento.
Além de super originais, são ótimos para o dia do famoso “bad hair day” (quando os cabelos se rebelam).
São práticos e deixam qualquer look básico mais sofisticado.
O turbante pode compor um visual mais casual, pode ser usado em uma festa ou até mesmo na praia para proteger os cabelos.
Curiosidades do turbante
A história do turbante na moda começou bem antes, no início do século XX
Paul Poiret, o pioneiro a usar turbantes na moda
Por volta de 1920, o costureiro francês Paul Poiret trouxe de volta ao cenário fashion, os turbantes.
A moda, porém, só se popularizou no final dos anos 1930, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial.
Em tempos difíceis, o acessório foi um excelente aliado para disfarçar cabelos mal cuidados.
Os lenços nos croquis de Paul Poiret, estilista que tinha a cultura do Oriente Médio como uma de suas maiores inspirações.
Turbante anos 1970
Nos anos 1970 os turbantes voltaram, junto com a onda hippie e a mistura com o boho.
Agora eles amarram cabeças de famosas e coleções nas passarelas.