Na foto que ilustra este artigo Riccardo Tisci, diretor criativo da Givenchy se inspirou na decoração de palácios.

Ninguem nunca imaginaria uma inspiração destas.

Mas o compromisso de criar seis coleções diferentes, comerciais e de super impacto por ano faz com que os estilistas se foquem nas mais diferentes fontes  em busca de novas ideias.
Conheça o processo de criação de alguns profissionais que mudaram o mundo da moda.
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Começar de novo

Uma proposta ou tendência inédita é um começar de novo onde ninguém pode prever os resultados futuros.

Para dar certo comercialmente é importante que a roupa traga costurada junto aos tecidos alguns dos desejos dos consumidores.

Seja qual for à inspiração ou método de criar, ao elaborar uma nova idéia qualquer estilista sabe que é fundamental que a peça transmita alegria, confiança, sofisticação, beleza, qualidade, que seja honesta, elegante e que abra todos os caminhos profissionais e afetivos.
Cada estilista tem uma técnica para recomeçar a cada coleção, criando roupas do zero ao infinito, sem perder o foco do mercado.
O objeto propulsor, a primeira idéia para uma coleção é para o estilista um momento muito pessoal que pode nascer na literatura, cinema, pintura, escultura, música, uma viagem, pessoas ou culturas exóticas.
Qualquer acontecimento pode servir de inspiração a um design de moda, mas todos geralmente são unidos por uma grande paixão, a arte.
Pierre Cardin é um dos raros estilistas que sabe desenhar, cortar e costurar.

A grande maioria nem sequer sabe fazer um croqui, mas rabiscam bem as suas idéias para colaboradores que “lêem” e transferem para um esquema industrial.

Christian Dior, considerado um dos mais criativos estilistas do século XX, confiava todos os seus esboços, que nunca continham descrições de pormenores, à sua “première d’atelier” Marguerite Carré.

Era ela quem traduzia as propostas para todos os colaboradores, pois o mestre, com seu guarda-pó branco como o de um cirurgião, jamais tocava em um vestido alinhavado.
Muitos costureiros influentes até hoje como Madeleine Vionnet, Coco Chanel, Jacques Fath ou Madame Grès nunca desenharam, criando os modelos diretamente nos manequins.
Usando tesouras, alfinetes, lápis, pincel, tintas coloridas estes profissionais desenham sonhos que viram produtos, cada uma a sua maneira, mas todos com apenas um desejo, o sucesso.

Paul Poiret

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A inspiração de Poiret era o Ballet Russo. Embalado pelo movimento da dança ele usou o conforto como influência para eliminar os espartilhos. Foi dele também a inspiração de colocar a noiva no fim dos desfiles.

Coco Chanel

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Delirava com a Bahaus e com as obras de Picasso, mas a maior inspiração veio das roupas e tecidos usados pelos homens.

Elsa Schiaparelli

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O foco de criação de Elsa era a arte surrealista. Francis Picabaia, Jean Cocteau e Salvador Dali influenciaram a criação das suas roupas e nas cores que usava.

Yves Saint Laurent

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Conforme o próprio Saint Laurent: “Ponho minhas idéias no papel, que depois são transformados em modelos e caso seja necessário, são novamente trabalhadas por mim”.

Ele era considerado o rei da passamanaria, pois este enfeite o inspirava e desde os anos 1970 e nunca abdicou do ornamento.
Influenciado por Andy Warhol, criou em 1966 a coleção “Pop-art”, trabalhando os “Great Nudes” de Tom Wesselman, além da inspiração em Mondrian e uma apresentação de alta- costura homenageando Picasso.

Pierre Cardin

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O que sempre estimulou seus desenhos foram as proezas espetaculares das viagens espaciais dos anos 1960, a microcospia, o computador e geometrias para estudos de formas futuristas.

Yohji Yamamoto

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Inspira-se em velhas fotografias que mostram cenas do dia-a-dia.

Christian Lacroix

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Busca referências no barroco, na arquitetura do Sul da França e nas touradas.
Os tecidos e os bordados também ajudam na elaboração da coleção. Mas nenhum estilista famoso utiliza os tecidos aconselhados pelos fabricantes. Preferem desenvolver junto aos tecelões os próprios tecidos.

Helmut Lang

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Privilegia a tecnologia e sua inspiração também passa pelos gigantes da química como Hoechst ou a Rhone-Poulenc. As fibras térmicas de algumas peças das coleções possuem cápsulas microscópicas, que sensíveis à temperatura, mudam de cor sempre que esta se altere.

Paco Rabanne

circa 1966: French fashion designer, Paco Rabanne. (Photo by Keystone/Getty Images)

Conhecido pelas criações em metal, Paco Rabanne se inspirava em antigas armaduras de malha de metal. Para criar suas roupas o costureiro deitava a modelo sobre a mesa e cortava as partes de metal direto no corpo, já que ficaria difícil fazer moldes para estes materiais, o que fez Chanel declarar nos anos 1960 que Rabanne não era costureiro e sim um operário metalúrgico.

ABC da moda

Para manter vivo o interesse pela moda, Christian Dior durante os anos 1950 baseou suas coleções em letras e símbolos.

O próprio John Galliano na primeira coleção se inspirou na linha “S” do mestre.

Acompanhe nos desenhos a criatividade do famoso costureiro onde o contorno da silhueta corresponde ás respectivas letras e símbolos escolhidos.

Durante os onze anos de criação ele bolou mais de vinte linhas diferentes, mas quer a saia fosse estreita ou larga, mantinha a bainha na mesma marcação.

DESENHO DIOR
a- 1951/52- Ligne Longue
b- 1952- Ligne Sinnuese
c- 1952/ 53- Ligne Profilee
d- 1953- Ligne Tulipe
e- 1953/54- Ligne Vivante
f- 1954- Ligne Muguet
g- 1954-55- Ligne H
h- 1955- Ligne “A”
i- 1955/ 56 – Ligne Y
j- 1956- Ligne Flèche

Xico Gonçalves
Xico Gonçalves
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