Novo luxo

A visão que se tinha do luxo com diamantes eternos, Jaguar na garagem, uma ilha grega ou cinco por cento da coleção de jóias da Elizabeth Taylor já não brilha tanto assim.

Nos dias atuais, a crise aconselha um luxo que não apareça

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Luxo já foi palavra feia, maldita e também já representou o melhor dos mundos.

Luxo já foi sinônimo de ostentação, fonte de invejas e coadjuvante do sonho.
Conforme o dicionário, a definição de luxo é o uso e ostentação de bens materiais caros e de modo geral, supérfluos.
Só que na sociedade atual os artigos supérfluos se tornaram objetos de desejo de primeira necessidade, indispensáveis muitas vezes na convivência pessoal ou profissional.

Acompanhando os novos tempos o luxo mudou de código

Deixou de brilhar. Ficou acessível.
O luxo atual é menos o que se vê e mais o que se sabe.
Não é mais o que se tem ou o que se mostra com arrogância, mas o que consegue emocionar.
O tesouro, a descoberta, o insólito.
Tem a ver com as emoções, com informação, com o saber.
Ser luxuoso é saber, sem mostrar.
Não se trata de esconder as riquezas, mas de expressá-la de outra maneira.
O paradoxo é que quanto mais caro é o luxo, menos deve parecer ser.
Um luxo que não está escancarado, mas presente.
Diferente do passado, o luxo atual não se exibe.
Da cultura do “vestir luxuosamente”, o luxo passou a ser o “saber como usar o luxo”.
Mas o conceito de luxo é extremamente subjetivo e depende do uso que se faz deste objeto.

Luxo contemporâneo

 

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O luxo contemporâneo está expresso no design e na originalidade, e não mais no custo.
Este luxo atual parece uma justificação inteligente para o que não deve ser feito.
Desculpa para o injustificável.
Uma atividade de suporte para o consumo de objetos caros.
Mas isto não significa jogar dinheiro no ralo, pois uma peça luxuosa e cara, mas muito útil, consegue se rentabilizar ao longo do uso.
O investimento em peças de excelente qualidade, que duram além de uma estação é um luxo atual e também uma estratégia aconselhável em época de economia instável por acrescentar ao visual um valor agregado até em look simples.
Uma bolsa ou sapato de marca luxuosa pode parecer uma extravagância no preço, mas a verdade é que a peça vira um talismã que empresta qualidade para a roupa toda.
E com um acessório com este poder, ninguém precisa de outros modelos de bolsa.

Luxo sob medida

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O luxo se mede por um sistema métrico próprio, uma tabela de valores.
Nem sempre está associado ao dinheiro, mas intimamente ligado ao prazer a nível sensorial ou mental.
Ao adquirir qualquer tipo de luxo, se valoriza mais a beleza e o prazer que a compra pode proporcionar do que a questão financeira, por isto é um “luxo”.
Existem luxos baratos como encontrar uma peça rara em um brechó , mas têm luxos muito caros, como o relógio Tank da Cartier que custa o preço de um automóvel popular ou a bolsa Kelly feita á mão, em pele de crocodilo e metais de ouro com preço de uma obra de arte, mas que como a arte dura uma vida toda, podendo ser passada de geração.
Na qualidade de sonho de consumo, desde a Grécia antiga o luxo esteve sempre associado ao desejo, mas até o século XVIII, esta ligação foi considerada perniciosa e perigosa.

O luxo impressiona

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A rainha Vitória da Grã Bretanha, que pregava a simplicidade absoluta, se cobria de jóias para visitar o povo, argumentando que precisava de um toque de luxo porque não podia desiludir a classe mais simples.
Evita Perón também fez do luxo das peles caríssimas e dos vestidos de alta costura de Christian Dior um meio de comunicação para a massa de seus descamisados, confirmando a máxima do carnavalesco-filósofo Joãsinho Trinta, “que quem gosta de pobreza é intelectual. O povo adora luxo!”

O luxo tem muitas caras

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Luxo barroco

Luxo vistoso, ostensivo, que respira poder por todos os poros. É o paraíso das grifes, multiplicadas pelas mais diversas peças do vestuário e acessórios. Um luxo típico dos novos ricos.

Luxo discreto

Luxo sóbrio, minimalista.
Pode custar uma fortuna, mas passa sempre despercebido de quem não é um iniciado.
É o estilo de luxo preferido pelos que dispensam o “show off”.

Luxo eterno

Luxo clássico, chique em qualquer lugar ou época.
Normalmente associado aos mais conservadores, também pode ser encarado com uma afirmação da personalidade de quem não tolera as vítimas da moda ou excessos do luxo barroco.

Luxo intelectual

Um luxo conceitual que brilha nos circuitos dos conhecedores.
Muitas vezes é mental, excentricidade ou estado de espírito.
A qualidade de vida é mais importante que luxos dispendiosos.
O maior luxo é a busca pelo conforto e design.

Luxo lúdico
Luxo jovem, com humor, irreverente, uma brincadeira com o luxo.

Luxo acessível
O pequeno luxo, que boa parte das contas bancárias consegue manter.
Muito associada à moda, é o luxo de poder vestir o modelo ou a grife da estação que embora não custe uma fortuna, coloca o visual na sintonia da tribo interessada.

Xico Gonçalves
Xico Gonçalves
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