A era espacial foi um período nos anos 1960 em que a moda foi inspirada pela viagens interplanetárias e entre tantas promessas futuristas estavam as roupas feitas de papel que podiam ser descartadas quando a moda mudasse
Foi a primeira manifestação comercial de “fast fashion” e atitude pioneira em busca da sustentabilidade.
Eu cheguei a ter uma jaqueta estampada com a bandeira da Inglaterra que fazia o maior sucesso.
Conheça um pouco da história desta tendência que poderia voltar , já que a cada dia, multiplicam-se movimentos engajados na promoção do bem econômico, atrelado ao bem ético e ecológico.
A sustentabilidade atualmente deixou de ser tendência para se transformar em estilo de vida nos conceitos de upcycling, slow fashion e cruelty-free característicos da moda e comportamento da Era Digital.
Em 1966, surgiram nos Estados Unidos as primeiras peças eco-fashion da história da moda moderna: os vestidos confeccionados em papel reciclado, conhecidos como “vestidos descartáveis” – criação da empresa de produtos sanitários Scott Paper.
Logo após o lançamento, foram encomendados mais de meio milhão de vestidos descartáveis, e vendidos a $1 dólar.
A “Era Espacial” lançou uma série de roupas com design futurista, mas nenhuma teve tanto sucesso instantâneo como os vestidos de papel.
Vendidos através de uma campanha publicitária na edição de abril da revista Seventeen por US $ 1,25, os vestidos de papel de linha-A vinham com estampas super gráficas e coloridas para serem usados e depois jogados fora após uma utilização.
A Scott vendeu meio milhão desses vestidos descartáveis nos primeiros cinco meses sem fazer muito esforço devido a ânsia naqueles dias de ser moderno.
A empresa não tinha a intenção de criar uma mania de moda, mas sim um novo vestuário de papel para vender aos hospitais e outros locais onde a roupa descartável de “tecido não tecido” (TNT) poderia ser mais rentável do que desperdiçar água quente para lavar as roupas de tecido tradicionais.
A Scott estava prestes a introduzir uma linha de toalhas de mesa de papel, e achou que um vestido caseiro de papel promocional seria um chamariz bonito.
Então seu departamento de marketing entrou em contato com a Seventeen, cujos editores ajudaram a empresa a projetar o vestido sem mangas, sem gola com dois bolsos grandes e estampado com desenhos ópticos preto-e-branco ou estampas coloridas de flores psicodélicas.
As roupas de papel não foram inventadas nos anos 1960 pois já eram utilizadas desde os séculos 18 e 19, quando as roupas e tecidos eram caros, mas foi nesta década que virou produto de consumo em massa.
Feito de camadas de celulose e nylon, o papel texturizado se assemelhava ao tecido de piqué mas era resistente.
Assim que foi lançado, outras marcas, como a Mars, Hallmark, Dove, Lux e Lifebuoy, correram para ofereceu suas versões do vestido de papel.
A marca Campbell lançou o vestido de papel The Souper Dress estampado com latas de tomate , pegando carona no sucesso das pinturas de Andy Warhol.
Em 1968, os candidatos presidenciais George Romney, Robert Kennedy e Richard Nixon lançaram vestidos de papel promocionais de campanha, e o designer gráfico Harry Gordon criou uma linha de vestidos de papel cobertos com desenhos em estilo de rock ‘n’ roll.
É tudo de Papel
Ate Andy Warhol lançou vestidos de papel arte
Andy Warhol também embarcou no sucesso do eco-fashion e lançou seu “fragile dress” em papel reciclado
“No futuro, todo mundo terá 15 minutos de fama”. A emblemática frase de Andy Warhol seria uma das mais célebres expressões da produção cultural da década de 1960: a arte passava a questionar o sentido da própria arte, apropriando-se de elementos da cultura de massa.
Era a pop-art. A juventude tinha só um princípio: derrubar o velho e impor o novo.
Mas como tudo que sobre também desce, após ter sido o objeto de desejo dos fashionistas dos anos 1960, o surgimento de novas ideias sobre sustentabilidade no início da década de 1970, os vestidos de papel descartáveis eram vistos como um desperdício e foram jogados na lata do lixo da moda uma vez por todas.
As grandes empresas e estilistas dos anos 60 acreditavam que as roupas de papel durariam por mais tempo, mas as roupas de papel eram divertidos para serem usados no verão pois no frio do inverno, eles não eram suficientemente quentes para vestir.
Os vestidos de papel da década de 1960 foram, em certo sentido, um prenúncio da indústria do fast fashion de hoje, preparando o mundo para uma maneira descartável de consumir.