Se não existissem os tecidos não existiria a moda.
Este material maleável permite criações intermináveis nas mãos dos profissionais de moda.
O mais interessante é que, apesar da pouca importância que damos aos tecidos, mesmo sem perceber, eles nos ajudam a expressar a nossa personalidade e criatividade — e inclusive podem refletir o nosso estado de humor.
Como os tecidos são feitos
Ao longo da História os panos tiveram um importante papel social e religioso, e só de bater o olho no material do qual as roupas eram feitas, era possível determinar o poder econômico de alguém.
Os nossos ancestrais começaram a proteger seus corpos com a pele de animais há milhares de anos e, devido à própria composição dos panos fabricados por eles, existem poucos exemplos que tenham sobrevivido à passagem do tempo se tornando difícil precisar quando a produção têxtil iniciou de fato.
Os fragmentos mais antigos de que se tem notícia são de 6,5 mil a.C., e eles foram descobertos na Anatólia — que corresponde à Turquia.
No entanto, os arqueólogos encontraram no Oriente Médio placas de argila do ano 8 mil a.C. que mostram o processo de fabricação de tecido, sem falar que em 18 mil a.C. nossos antepassados já usavam agulhas feitas de ossos para costurar suas roupas.
A produção de seda teve início na China por volta do ano 2,8 mil a.C.
A manufatura desse material deu origem ao surgimento de rotas de comércio e parcerias mundo afora.
Já a fabricação de algodão e da lã começou a se tornar popular por volta do século 1, e foi nessa época que os teares ficaram mais modernos e as primeiras rodas de fiar foram criadas.
Foi só durante a Revolução Industrial — entre os séculos 18 e 19 — que os tecidos deixaram de ser fabricados artesanalmente e passaram a ser produzidos em massa por meio de máquinas, e a primeira fibra têxtil sintética, hoje conhecida como rayon, surgiu na França no final do século 19, e não demorou até que o nylon e o poliéster também fossem desenvolvidos.
Diversidade de fibras
Os materiais que normalmente são usados na produção de tecidos podem ser obtidos a partir de fibras vegetais, animais e sintéticas, que são fabricadas artificialmente.
O algodão, por exemplo, é proveniente de uma planta e, depois de ser colhido — quase sempre por máquinas colheitadeiras —, passa por uma série de rolos que removem todas as sementinhas, folhas e impurezas, separando o material em fardos.
Outro tecido obtido a partir de uma planta é o linho e, antes de ser processado, ele deve ser colhido a mão, esticado para que as sementes sejam removidas, e “penteado” para separar as fibras antes de elas se transformarem em panos.
Já a lã natural é obtida a partir das ovelhas e, após a tosquia, o material é lavado e cardado — através de máquinas ou manualmente — antes de ser convertido em fios.
Mas as ovelhas não são a única fonte animal de fibras.
A seda também é produzida por uma larva que produz um casulo por meio de filamentos que são removidos na forma de um único fio que, por sua vez, é trançado com outros filamentos para ganhar corpo e, assim, se tornar viável para a produção de tecidos.
Entre os materiais criados pelo homem mais comuns, temos o rayon, que é uma fibra de celulose e foi o primeiro tecido sintético já produzido, o nylon — que é feito à base de um polímero —, e o poliéster, que é derivado de álcoois.
Tecendo panos
Para produzir os tecidos, em primeiro lugar é necessário processar as fibras — sejam elas naturais ou sintéticas — em filamentos e linhas, e isso é feito por meio de máquinas que enrolam as fibras.
Conforme esse material é torcido, ele vai sendo armazenado em bobinas que, mais tarde, serão colocadas em um tear que, por sua vez, entrelaça os filamentos e os transforma em panos.
É claro que ainda existem muitos teares manuais por aí, mas, nas grandes fábricas de tecidos, esses equipamentos são bastante modernos e controlados por computador.
No entanto, não pense que o processo de fabricação termina assim que o pano é tecido!
Colorindo o descolorido
No primeiro momento, os panos, além de não ter uma cor definida, ainda contam com diversas impurezas, como fragmentos de sementes e outros pequenos detritos. Portanto, eles precisam ser tratados antes de ser utilizados.
Assim, normalmente, os tecidos são lavados e completamente descoloridos com cloro e, então, submetidos a banhos com uma variedade de produtos que removem componentes naturais das fibras, como óleos e ceras.
Só depois disso é que os panos ficam prontos para serem tingidos e enviados aos fabricantes de roupas e produtos têxteis.
Para colorir os tecidos, primeiro é necessário tratá-los com algumas soluções químicas — entre elas a soda cáustica — para que os poros entre os fios dos panos fiquem maiores e, assim, absorvam melhor os pigmentos durante o processo de tingimento.
Após o banho, os panos são lavados e esticados em um suporte de metal para que os padrões tecidos fiquem bem alinhados. E, enquanto ainda estão úmidos, os pigmentos são aplicados.
Processo final
Os tecidos devidamente processados e tingidos são enviados aos mais variados fabricantes de produtos têxteis, e é da mão desse pessoal que os panos chegam até as nossas casas na forma de toalhas, lençóis, cobertores, cortinas, tapetes e roupas.
E apesar de as cores e padrões de todos esses produtos serem ditados pelo estilo do momento, as vestimentas são, sem dúvida nenhuma, os itens que mais sofrem influência da moda.
Isso porque são os designers de Paris, Milão e Nova York quem compram as últimas novidades da indústria têxtil e as transformam em coleções de roupas e acessórios.
Esses itens são apresentados durante desfiles que ocorrem quatro vezes por ano, e as cores, texturas e modelos mostrados não só influenciarão a fabricação de tecidos da próxima estação, mas também o nosso guarda-roupa.