Reinventar-se é o caminho mais sensato e a pandemia atual pode ser uma oportunidade para quem já entendeu as novas tendências de consumo.
O clichê do empreendedorismo: “Crise é oportunidade” se ajusta bem aos dias difíceis da Covid 19, afinal situações complexas podem servir de estímulo para soluções criativas.
É difícil pensar em moda quando a Humanidade está sob a ameaça de pandemias como a que vivemos hoje, mas este segmento reage sempre, já que enquanto existir a vaidade, o vestuário sempre terá espaço garantido.
Quarentena elegante
O estilista gaúcho Marco Tarragô, conhecido pelos luxuosos vestidos de noivas e de festa – no mundo da moda há mais de 25 anos, foi um dos estilistas que mudaram o rumo do seu negócio devido à crise gerada pelo novo Corona vírus, criando uma linha de homewar de luxo, com destaque para os “pijamas do bem”.
Estimulado pelo personal coach Diego Gil (@diegogilcoach), Marco lançou uma linha sofisticada de vestir em casa, com o mesmo conceito usado em suas roupas exclusivas, mas com o objetivo de atingir quem está vivendo o isolamento social.
Preciosos pijamas confeccionados em seda ou flanela, com o detalhe do viés nos acabamentos da gola (como os que se usavam no passado), cinto com pingentes de seda e logotipo vistoso no bolso em metal com as letras “TB” – assinatura de Tarragô e Bublitz, de Diornes Bublitz, parceiro de Marco neste projeto.
O pijama mais vendido é em seda tom nude, mas a coleção tem outras cores, estampas e modelagens diversas, como o robe masculino e feminino, pijamas masculinos e abrigos de duas peças.
A embalagem também é sofisticada, em um envelope plástico fechado por um laço em cetim preto.
A Miss Brasil 1986, Deise Nunes é uma das clientes mais entusiasmadas e até postou em suas redes sociais vestindo um dos pijamas criados pelo estilista.
A amiga Vera Bernardes, da Liga Feminina de Combate ao Câncer, também é outra incentivadora deste projeto e muitas novidades, lives e parcerias estão em pauta para acontecerem ainda este mês, com a assessoria de imprensa de Lise Yung.
A produção é ainda bem exclusiva e feita sob medida para cada pedido, mas a previsão é de ampliar a venda e as opções de modelagens.
Os tamanhos vão do P até o XG e podem ser encomendados pelo whatsapp 51.992436168, com entregas para todo o Brasil.
Através do Instagram @marcotarragooficial, Marco já recebeu pedidos de muitas cidades brasileiras.
Além desta linha homewear de luxo, o estilista criou mascaras de proteção em tecido e píton, para combinar com a linha de acessórios que ele assina.
Oportunidades nas crises
O texto bíblico de Mateus “Depois das tempestades, vem a bonança”, reflete a atitude do mundo fashion depois de grandes crises.
A moda reflete seu tempo: segue as grandes transformações do mundo e as rupturas que o acompanham nos momentos mais sombrios da História.
A indústria global da moda é avaliada em US$ 2,5 trilhões, de acordo com levantamento da consultoria McKinsey. Este mercado mantém vivas técnicas seculares e conecta muitas mãos — só no Brasil, são 1,5 milhão de empregos diretos e oito milhões se adicionarmos os indiretos. Com números tão impressionantes é natural que a moda se erga, mesmo depois de grandes quedas.
A história registrou em roupas os desafios que os estilistas enfrentaram em momentos difíceis da humanidade
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), uma revolução de costumes iniciou quando as mulheres assumiram atividades até então masculinas. Para evitar risco de acidentes, as antigas roupas, pesadas e apertadas da belle époque, foram trocadas por uniformes ou peças mais práticas.
O mundo vivia um momento difícil e a gripe espanhola tomou proporções de pandemia a partir de 1918.
Quando o planeta recuperou a paz (e a saúde), na década de 1920, a costureira francesa Chanel sintetizou como as mulheres modernas deveriam se vestir. O comprimento dos cabelos e das saias encurtou, o corpo deu adeus ao espartilho, às linhas das roupas se tornaram mais simples e materiais confortáveis como o jérsei começaram a ocupar lugar no guarda-roupa.
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Christian Dior se associou a um importante empresário do setor têxtil, Marcel Boussac, e na tentativa de ampliar a venda de tecidos criou roupas para a coleção batizada de “New Look”, que chegava a gastar mais de sessenta metros de tecido, uma extravagância depois de tantos anos de racionamento.
A Europa vivia entre os escombros e lutava para recuperar seu antigo prestígio. Os modelos de amplas saias e cinturas bem marcadas de Dior trouxeram o luxo e a elegância para o cenário de recessão do pós guerra e fizeram com que até as americanas desejassem ardentemente o novo estilo. Na década seguinte a moda viveu seus melhores momentos.
Na Guerra do Vietnam, durante os anos 1970, o mundo aprendeu a usar roupas recicladas e os jeans de segunda mão, gerando outras possibilidades comerciais.
Possivelmente depois desta crise que vivemos atualmente, customização, “confort”, upcycling e ressignificação se tornarão palavras da moda.
A sustentabilidade se transformará em valor como resposta à crise do sistema produtivo que consome recursos de forma insustentável.
O mercado de revenda das peças de segunda mão, organizadas como novas, deverá crescer no consumo em geral. O relatório de 2019 da Global Data confirmou o aumento da revenda nos últimos três anos 21 vezes maior que o do varejo.
Os eventos de moda também devem mudar de formato com desfiles a portas fechadas e sem plateia, com transmissão ao vivo.
Ações apenas com streaming e re-see (hora marcada para ver a coleção de perto nas araras do showroom) devem substituir as apresentações na passarela, até que tudo volte ao normal.
Na moda, assim como na arte, o show não pode parar.