Homens de Salto Alto

Por que parou? Parou porque?

Alegria dos homens de baixa estatura os sapatos de salto masculinos já começam a aparecer em pés sem preconceito.

Antes de comentar alguma gracinha dos rapazes ai de cima, venho lembrar que foram os homens, e muito machos, os primeiros a “botar o salto na rua” tentando melhor performance nas guerras, já que o salto acomodava melhor o pé no estribo do cavalo, além de facilitar os passos em terrenos alagados ou barrentos, comuns naquela época.

Lembrando também os másculos cowboys com botas de salto bem expressivos.

Com o passar dos tempos as mulheres descobriram os centímetros a mais que o salto proporciona e o uso mudou de gênero.

Portanto não se espante se daqui a pouco o salto seja mais uma opção nos mostruários dos calçados masculinos.

E porque não?

No passado era acessório essencial para os homens

Conforme a história, saltos masculinos foram concebidos originalmente na Pérsia, o território do atual Irã.

O salto era um item obrigatório para os cavaleiros persas, uma vez que conferia aos soldados maior domínio sobre seus cavalos.


Persia, Século Dezessete

Na Pérsia Antiga, um bom manejo dos animais era vital para as conquistas regionais.

Quando o cavaleiro pisava nos estribos, o salto o ajudava a manter a estabilidade para que ele pudesse segurar o arco e disparar as flechas com maior eficiência.

O salto chegou ao ocidente nos pés do imperador persa Shah Abbas, que possuía a maior cavalaria do mundo, no final do século 16, quando precisou estabelecer conexões com os grandes líderes europeus da época.

Afghanistão  1850

Com os persas, os europeus descobriram um novo universo, entre eles o da moda.

Os sapatos usados pelos súditos de Abbas foram rapidamente adotados pelos aristocratas do Velho Mundo, que, a todo momento, buscavam colecionar objetos que pudessem reforçar seu poder frente aos demais.

Porém, à medida que os sapatos com salto ganharam força também entre as camadas populares, os ricos passaram a aumentar seu tamanho como forma de se diferenciar.

Mas, ao contrário da Pérsia, esses novos sapatos não tinham qualquer utilidade na Europa, especialmente nas ruas esburacadas e enlameadas do século 17 e a pouca funcionalidade acabava por reforçar o status daqueles que podiam usar tais sapatos, já que as classes mais ricas sempre usaram roupas pouco práticas, desconfortáveis e luxuosas para divulgar sua condição privilegiada.

Monarca Francês que popularizou o salto alto

Luís 14 era ávido colecionador de sapatos de salto alto.

Apesar de Imelda Marcos, a viúva do ex-presidente das Filipinas, Ferdinando Marcos, ter sido considerada uma das maiores colecionadoras contemporâneas de saltos altos, dificilmente ela superaria Luís 14, o imperador francês conhecido popularmente como o ‘Rei Sol’.

Havia uma razão pelo gosto do monarca pela peça. Apesar de seu prestígio, Luís 14 media apenas 1,63m e, não raro, acrescia sua altura em 10cm com saltos, decorados com imagens de suas conquistas.

Os sapatos e as solas eram sempre na cor vermelha, uma vez que o tingimento era caro e demandava muito tempo.

A moda logo se espalhou por outros países da Europa.

Porém, esse tipo de salto só foi ficar famoso mesmo no reinado seguinte, quando passou a ser utilizado, também, por mulheres tornando-se uma das maiores tendências da moda.

Este tipo de salto ficou conhecido como “Luis Quinze”, já que se tornou popular entre outros luíses.


Inglaterra 1650-1670

O retrato da coroação de Charles 2º, da Inglaterra, em 1661, por exemplo, revelava o monarca usando um par de um salto alto enorme de estilo francês, apesar de medir 1,85m.

Em 1670, Luís 14 publicou um decreto que somente membros de sua corte poderiam usar salto alto vermelho.

Não demorou muito tempo para que imitações chegassem aos mercados.

Christian Louboutin talvez tenha se inspirada nesta lei para pintar seus solados luxuosos de vermelho, apesar que o sapateiro justificou esta escolha contando que ao terminar sua coleção estilo Pop Art, sentiu que estava fazendo falta algum toque artístico como o movimento de arte revolucionário. A inspiração da “red sole” surgiu das unhas vermelhas e impecáveis de sua secretária. Ele tacou o esmalte dela no solado da amostra que estava criando e surgiu assim o famoso solado.

Quando que o salto migrou para as roupas femininas?

Em 1630, surgiu entre as mulheres um pioneiro movimento Genderless, onde algumas cortavam seus cabelos bem curtos, acrescentando dragonas (peça metálica com franjas de fios de ouro) às suas roupas.

Elas também fumavam cachimbos, faziam de tudo para parecer masculinas. Foi quando as mulheres adotaram os saltos altos, antes restritos aos homens.

Nessa época as classes mais abastardas da Europa seguiram uma moda de sapatos unissex até o fim do século 17, quando houve uma nova revolução.

A partir deste ponto os homens começaram a usar um salto mais baixo, robusto, quadrado, enquanto o das mulheres ganhou formas mais curvilíneas, mais esguias.

Salto no Iluminismo

Alguns anos depois, entretanto, o salto alto sofreu forte baque das ideias trazidas com o advento do Iluminismo, que pregava respeito pela racionalidade e pela praticidade, além de uma maior ênfase à educação do que ao privilégio.

Como reflexo dessa nova tendência, os aristocratas começaram a usar roupas mais simples que estavam mais ligadas ao trabalho em suas propriedades.

Foi o começo do que os especialistas chamam de “A Grande Renúncia Masculina”, por meio da qual, entre outras coisas, os homens abandonaram o uso de joias, cores brilhantes e tecidos sofisticado sem favor de um visual mais homogêneo, sóbrio e escuro.

Os saltos altos passaram, então, a ser vistos como estúpidos e afeminados. Em 1740, os homens interromperam por completo seu uso.

Cinco décadas depois, o item também desapareceu dos pés das mulheres, devido à Revolução Francesa.

Por que o salto alto é considerado sexy?

O salto alto só voltou à moda em meados do século 19, quando a fotografia transformou a maneira como a moda e a imagem da mulher começaram a ser construídas.
Eles começaram a ser vistos como uma peça erótica já que força as mulheres a uma “posição de cortejo natural” comum entre mamíferos, com as costas arqueadas e  nádegas  protuberantes.

Tal associação com a pornografia permitiu que a peça fosse vista como um adorno erótico para as mulheres.

Adoradores do salto alto

David Bowie fase Ziggy Stardust

Elton John

Frank N Furter em Rocky Horror Picture Show

Inspirados pela dança “Vogue” popularizada por Madonna, o ‘Voguing’

Nascido na Jordânia e tendo vivido boa parte de sua vida no Canadá, seu trabalho é um estudo atento do corpo humano que celebra a neutralidade como um traço humano definido.
Em janeiro de 2013, Hourani se tornou membro convidado do sindicato de Alta Costura de Paris e foi o primeiro, na história da Alta Costura, a desfilar uma coleção unissex.
A marca defende a não conformidade como a essência do individualismo.

Ele é um dos modernos difusor do uso de saltos pelos homens.Plataformas anos 1970

A última década que permitiu homens de salto foi os anos 1970.

Eu mesmo mandava fazer sapatos gigantescos nos sapateiros sob medida, já que na época a moda masculina custava a chegar no Brasil.

Elton John's Ferradini platforms (1972-75)

Elton John  Ferradini (1972-75)


Master John, Canada (1973)

Por que os homens pararam de usar salto alto?
Concebidos originalmente na Pérsia, o território do atual Irã, esse tipo de sapato invadiu rapidamente os imensos guarda-roupas dos imperadores europeus, como o de Luís 14, até serem descartados por completo do vestuário masculino na primeira metade do século 18.
O salto era um item obrigatório para os cavaleiros persas, uma vez que conferia aos soldados maior domínio sobre seus cavalos.
Na Pérsia Antiga, um bom manejo dos animais era vital para as conquistas regionais.
Quando o cavaleiro pisava nos estribos, o salto o ajudava a manter a estabilidade para que ele pudesse segurar o arco e disparar as flechas com maior eficiência.
Entretanto, a chegada de um dos maiores objetos de consumo atuais ao Velho Mundo deveu-se em grande parte ao imperador persa Shah Abbas 1 que, no final do século 16, possuía a maior cavalaria do mundo.
Com o objetivo de derrotar seu maior inimigo, o Império Turco Otomano, Abbas viu-se obrigado a estabelecer conexões com os grandes líderes europeus da época.
Para lá, foi enviada, em 1599, a primeira missão diplomática da Pérsia para a Europa, que incluía passagens pelas cortes da Rússia, Noruega, Alemanha e Espanha.
Com os persas, os europeus descobriram um novo universo, entre eles o da moda.
Os sapatos usados pelos súditos de Abbas foram rapidamente adotados pelos aristocratas do Velho Mundo, que, a todo momento, buscavam colecionar objetos que pudessem reforçar seu poder frente aos demais.
Porém, à medida que os sapatos com salto ganharam força também entre as camadas populares, os ricos passaram a aumentar seu tamanho como forma de se diferenciar – e assim o salto alto nasceu efetivamente.
Mas, ao contrário da Pérsia, esses novos sapatos não tinham qualquer utilidade na Europa, especialmente nas ruas esburacadas e enlameadas do século 17.
A pouca funcionalidade acabava por reforçar o status daqueles que podiam usar tais sapatos, para quem as classes mais ricas sempre usaram roupas pouco práticas, desconfortáveis e luxuosas para divulgar sua condição privilegiada.
Eles não precisam usar os saltos altos no trabalho e tampouco caminhar longas distâncias.
O Monarca francês Luis 14 era ávido colecionador de sapatos de salto alto. O imperador francês conhecido popularmente como o ‘Rei Sol’. Havia uma razão pelo gosto do monarca pela peça.
Apesar de seu prestígio, Luís 14 media apenas 1,63m e, não raro, acrescia sua altura em 10cm com saltos, decorados com imagens de suas conquistas.
Os sapatos e as solas eram sempre na cor vermelha, uma vez que o tingimento era caro e demandava muito tempo. A moda logo se espalhou por outros países da Europa.
O retrato da coroação de Charles 2º, da Inglaterra, em 1661, por exemplo, revelava o monarca usando um par de um salto alto enorme de estilo francês, apesar de medir 1,85m.
Em 1670, Luís 14 publicou um decreto que somente membros de sua corte poderiam usar salto alto vermelho.
Não demorou muito tempo para que imitações chegassem aos mercados.
Ao passo que os tradicionais sapatos ganharam versões no mercado negro, o item também passou a fazer a cabeça de mulheres e crianças.
Em 1630, havia mulheres que cortavam seus cabelos bem curtos, acrescentando dragonas (peça metálica com franjas de fios de ouro) às suas roupas.
Elas também fumavam cachimbos, faziam de tudo para parecer masculinas. Foi quando, justamente, as mulheres adotaram os saltos altos, antes restritos aos homens.
Nessa época, as classes mais abastardas da Europa seguiam uma moda de sapatos unissex até o fim do século 17, quando houve uma nova revolução.
A partir deste ponto, começou uma mudança. Homens começaram a usar um salto mais baixo, robusto, quadrado, enquanto o das mulheres ganhou formas mais curvilíneas, mais esguias.
Alguns anos depois, entretanto, o salto alto sofreu forte baque das ideias trazidas com o advento do Iluminismo, que pregava respeito pela racionalidade e pela praticidade, além de uma maior ênfase à educação do que ao privilégio.
Como reflexo dessa nova tendência, os aristocratas começaram a usar roupas mais simples que estavam mais ligadas ao trabalho em suas propriedades. Foi o começo do que os especialistas chamam de “A Grande Renúncia Masculina”, por meio da qual, entre outras coisas, os homens abandonaram o uso de joias, cores brilhantes e tecidos ostentadores em favor de um visual mais homogêneo, sóbrio e escuro.
Assim, o vestuário masculino passou a atuar não tão fortemente como um divisor de classes sociais.
E, ao passo que essas fronteiras começaram a ser imbricadas, as diferenças entre os sexos ficaram mais pronunciadas.
Os saltos altos passaram, então, a ser vistos como estúpidos e afeminados.
Em 1740, os homens interromperam por completo seu uso, e cinco décadas depois, o item também desapareceu dos pés das mulheres, devido à Revolução Francesa.
O salto alto só voltou à moda em meados do século 19, quando a fotografia transformou a maneira como a moda e a imagem da mulher começaram a ser construídas, entretanto, o uso do salto alto para os homens, nunca voltou com força.
Na década de 1960, os populares cowboys dos Estados Unidos chegaram a ensaiar um retorno dos saltos para o público masculino, porém de menor altura.
Nos anos 1970 as plataformas e saltos vestiram os mais modernos, mas não chegou a emplacar.
Mas, afinal, se a peça ganhou lugar cativo nos guarda-roupas de imperadores e membros da realeza, por que não poderia retornar aos pés do público masculino?
Xico Gonçalves
Xico Gonçalves
Artigos: 850

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