Novos tecidos sintéticos feitos de plantas vão invadir a moda

O século XXI não tem mais espaço para a super poluente indústria do petróleo e seus produtos químicos perigosos que imperaram absolutos nesses últimos tempos. Felizmente está crescendo em todo o mundo a adoção de tecnologias energéticas renováveis e produtos sustentáveis para substituir o petróleo como principal fonte de energia e matéria-prima da indústria.

Na moda, não poderia ser diferente, pois, graças ao crescimento explosivo do fast fashion desde os anos 80, a moda é a segunda indústria mais poluente do mundo depois da petrolífera, a segunda que mais consome e desperdiça água depois da agricultura e a número 1 em obsolescência programada superando até a indústria de eletrônicos.

O poliéster, que é proveniente do petróleo, é a fibra mais utilizada na fabricação de tecidos, detendo 60% do mercado global de fios, sendo utilizado tanto em tecidos sintéticos feitos 100% de poliéster como em misturas com fibras naturais como algodão.

O poliéster em si é um tecido muito prático, pois seca rápido, não amassa, é leve, reciclável, não precisa de ser passado regularmente como os tecidos naturais, mas tem uma grande desvantagem, sua fabricação utiliza muita água e energia e, por não ser biodegradável, leva décadas para se decompor.

Atualmente existem outras alternativas sustentáveis como a fibra de ácido polilático (PLA), semelhante ao poliéster, mas feita a partir de plantas como milho, trigo, beterraba ou de cana-de-açúcar.

Só com a utilização industrial de duas plantas como o cânhamo e as algas, por exemplo, poder-se-ia substituir por completo a indústria petroquímica.

Mas isso só não foi feito ainda por causa do lobby das petrolíferas e da influência dos políticos que tem suas campanhas bancadas por essas empresas.

Um novo tecido sintético chamado Ingeo, criado pela Nature Works, é feito com a utilização de qualquer uma das 4 plantas mostradas acima e tem as seguintes características:

Resistente, confortável, naturalmente isolante, absorção de umidade, mais respirável do que o poliéster, resiste a odores, tinge rapidamente, livre de rugas, resistente a manchas, não encolhe, seca rapidamente, hipoalérgico, não dá pilling, resistência aos raios UV naturais, ideal para todos os climas e é biodegradável.

Ele se parece com o poliéster, exceto porque o poliéster tem de ser tratado quimicamente antes de que se torne resistente à umidade e a odores. Além de tecido, o Ingeo também é usado em bioplásticos para embalagens, eletroeletrônicos e talheres biodegradáveis.

Esse é um material fantástico é um ótimo exemplo de economia circular e capitalismo sustentável. Por ser biodegradável, o PLA pode facilmente se tornar adubo, sob as condições certas, e também pode ser reciclado em circuito fechado.

Usando biotecnologia, o Ingeo foi desenvolvido em parceria com a Cargill e Dow Chemical.  As matérias-primas são produzidas com a fermentação do açúcar extraído do milho ou cana de açúcar e depois convertidas em fibra para criar o tecido. Quando uma roupa feita de 100% Ingeo for parar no aterro, a peça irá se decompor de 60 a 90 dias.

Atualmente, o Ingeo está sendo mais utilizado em roupas de cama, mas fez sua estreia nas passarelas em 2010 num desfile da Fashion Summit patrocinada pela Nordic Initiative Clean and Ethical.

Depois de sua aparição no mundo da moda, esperamos que seja apenas uma questão de tempo antes que o Ingeo faça o seu caminho até o mercado de massa.

Xico Gonçalves
Xico Gonçalves
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