Padrão Oficial

Grande parte dos brasileiros não sabe que tamanho de roupas veste

E isso não é falta de visão ou consciência corporal e sim de uma padronização nas medidas do vestuário brasileiro.

A grade de numeração da maioria das redes varejistas e marcas em geral vai do 36 ao 44.

Todos os manequins acima dessa faixa ficam restritos às lojas do segmento plus size, mas ampliação desse mercado no Brasil sucita atenção em torno desse padrão.

O que, afinal, configura um tamanho grande?

Essa é uma das perguntas que norteiam uma nova discussão do Comitê Brasileiro de Normalização Têxtil e Vestuário.

Uma norma atualizada está sendo estudada. Já foram gastos 15 anos de pesquisas e mais de R$400 mil de investimento pela Abravest (Associação Brasileira de Vestuário) para configurar oficialmente um projeto para a normalização das medidas das roupas no Brasil.

Essa adequação se baseou na mudança corporal da população brasileira ao longo dos últimos anos, que no caso do masculino será até divida em três biótipos: normal, atlético, obeso.

Já no feminino haverá medidas para busto e quadril, e a proposta é que as calcinhas e sutiãs sejam vendidos separadamente pois também trarão medidas no lugar da numeração.

O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) junto ao Comitê Brasileiro de Têxteis e Vestuário da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) padronizou e vai cobrar dos fabricantes um padrão real de medidas para os produtos têxteis que circulam no Mercosul.

Desde 1995, o Brasil tem um padrão referencial para os tamanhos das roupas, mas não era exigido por lei.

É muito comum no Brasil o tamanho 40 de uma confecção se equivaler ao 42 da outra.

O consumidor fica enlouquecido.

A falta de padronização deixa os fabricantes livres para adotar a numeração que quiserem – normalmente menor do que o real tamanho da peça.

As numerações levam em conta os contornos do tórax, busto, pescoço, cintura e quadris e a altura da pessoa.

Como surgiu a numeração de roupas

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O primeiro padrão de medição de peças de roupas surgiu na Europa com Aléxis Lavigne, inventor e alfaiate pessoal da Imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão III (sobrinho de Bonaparte).

Para não ter que tirar medidas do corpo da Imperatriz a cada nova roupa – já que ela detestava, Lavigne inventou um busto de costura com as medidas da alteza para servir como modelo, sem incomodá-la.

O método de Aléxis Lavigne, que também inventou a fita métrica, só não virou padrão mundial por conta das diferenças antropométricas (medidas do corpo) entre indivíduos de diversas etnias. 

Tamanho certo

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A numeração das mulheres

Aparentemente as medidas femininas são sem sentido.

Afinal calças e saias tamanho 44 vestem quem tem por volta de 76cm. de cintura.

Então por que 44?

A lógica vem das roupas dos homens, já que a numeração das mulheres é a mesma- 38, 40, 42,44…

A estrutura corporal feminina foi simplesmente adaptada a estes números quando as mulheres deixaram de vestir o sob-medida em favor das facilidades da roupa pronta.

 

A numeração dos homens

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Ternos, paletós, camisas, camisetas pólo importadas e pulôveres.

A numeração significa a metade da medida do tórax em centímetros.

Um paletó tamanho 40, por exemplo, vai vestir perfeitamente quem tem a circunferência do peito por volta de 80 centímetros.

Camisas esportes e camisetas

Do zero ao cinco ou XP-P-M-G-XG.

Camisas sociais

A medida do pescoço em centímetros.

Calças e bermudas

A metade da medida da cintura em centímetros.

 

A numeração das crianças

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As numerações infantis surgiram com base na idade da criança, mas hábitos alimentares modernos alteraram a estatura e o peso das crianças e por conta disso a numeração pirou.

Uma criança de 10 anos pode vestir até 14 ou 16.

Tudo começa com o molde

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O molde em papel com as medidas do corpo é o primeiro passo para a execução de uma roupa convencional.

Representam a “forma” da roupa que vai ser cortada no tecido.

Antes dos moldes se tornarem populares a roupa era montada no corpo em um método que hoje se chama “moulagem”.

Os moldes também proporcionaram que surgissem costureiras em cada casa.

Os primeiros moldes de papel para costura datam do início do século XIX. Obras exclusivamente dedicadas ao assunto, como a revista inglesa “The Taylor’s Friendly Instructor” surgiram em 1822.

A partir daí o número de revistas com moldes cresceu muito, no início reduzido e a partir de 1840 em tamanho natural.

No Brasil as revistas com moldes só se tornaram populares depois de 1959.

O primeiro profissional a publicar moldes foi Gil Brandão, nas páginas do “Jornal do Brasil”.

Em seguida surgiram as revistas brasileiras “Figurino moderno” e “Manequim”.

Xico Gonçalves
Xico Gonçalves
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