“Quando Leila Diniz colocou a barriga de fora grávida foi por uma convicção, já para mim usar duas peças era natural”, declarou ela em uma entrevista
Com 95 anos, Miriam Etz conservou sua beleza até o fim.
Esta judia alemã, que passou grande parte da vida em Nova Friburgo, tornou-se conhecida por ter sido, além de uma grande artista, a primeira mulher a usar biquíni no Brasil, ainda no final da década de 40, na praia do Arpoador.
Miriam Etz sempre foi muito arrojada, mas sua intenção não foi chocar ninguém ou chamar atenção.
Apenas não gostava daqueles maiôs inteiros, tipo Catalina, que se usavam na época.
Então, tratou ela mesma de confeccionar duas peças, daqueles bem grandes.
Sem saber, dava início a uma verdadeira revolução de costumes.
Só uns 10 anos mais tarde é que algumas vedetes começaram a causar sensação na praia com os biquínis que estavam acostumadas a usar no palco.
Artista admirável, Miriam Etz produziu obras lindíssimas, embora se considerasse muito mais uma artesã.
Miriam desenvolveu uma técnica muito especial para executar suas pinturas e aquarelas. “Meu trabalho me dá muitas possibilidades porque utilizo vários elementos, e cada um deles oferece inúmeras criações”.
Nascida em Kaiserwerth, à margem do Reno, em 1914, no início da Primeira Guerra Mundial, numa família de artistas (seu pai, Arthur Kaufmann, foi um pintor famoso, com obras em museus do mundo inteiro), desde pequena ela teve oportunidade de conviver com artistas e intelectuais. “Uma vez por semana, das cinco da tarde às duas da manhã, meus pais abriam a casa para artistas, poetas e músicos de todas as partes do mundo. Eram momentos de grande felicidade que enriqueceram a nossa existência”.
Sempre independente, relutou em aceitar uma acompanhante, o que a idade avançada acabou por exigir.
Até poucos anos antes de morrer, só usava óculos para ler e ainda dirigia, embora quase não frequentasse mais seu ateliê. Não por falta de criatividade, mas pela dificuldade de se deslocar até lá e também por não a deixarem sozinha lá dentro. “Para criar preciso de solidão”, dizia.