Novas imagens de Marte e a possibilidade de outra corrida ao espaço influenciaram estilistas

A coincidência do filme “Perdido em Marte” com o anúncio da descoberta de água líquida no planeta  alinharam uma campanha para colocar Marte na moda.

O próximo inverno e verão já pousam carregados de informações futuristas inspirado pela era espacial atual, com o combustível da “imagem futurista” dos estilistas dos anos 1960.

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Louis Vuitton, Chanel e Prada são alguns dos estilistas influentes que apostaram que a moda tem futuro.

Conquista do espaço

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Na conquista pelo espaço, as roupas dos astronautas exigiam performance e conforto e nada era decorativo. Qualquer alça ou bolso era funcional para resolver problemas.

Muitos dos conceitos e imagens desta época estão presentes nas coleções dos estilistas mais influentes lançadas para o inverno 2016.

Corrida para Marte

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A chegada do homem à Lua na década de 1960, disparou uma tendência que previa o figurino do futuro.

Por conta da corrida espacial, roupas e acessórios lembrando a dos astronautas se tornaram modernas.

A bota branca (moon boots),  se transformou na febre da hora, batizadas de “go-go boots”, as lentes dos óculos viraram bolhas lembrando aliens ou estilo “iapones” (com as lentes pintadas de branco com apenas um visor em linha horizontal), os chapéus se tornaram verdadeiros capacetes de cosmonautas e o branco e prata do uniforme as cores oficiais do estilo, com toques de laranja ou rosa.

Era impossível não ser tocado ou inspirado pelas imagens destes heróis de capacetes transparentes, botas e macacões prateados.

Era Espacial

Os Estilistas Futuristas

André Courrèges

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Courrèges que faleceu em janeiro deste ano com 92 anos criou a tendencia “Spage Age”.

Em 1961, enquanto o astronauta russo Yury Gagarin se tornava o primeiro homem a entrar em órbita, o estilista André Courrèges abria sua loja em Paris.

Courrèges respirava a era da corrida pelo espaço sideral e conseguiu transferir estes novos ares para a roupa, glamorizando o uniforme dos astronautas e sugerindo novas propostas que já previam o estilo prático dos anos 2000. Declarava que “o funcional deve ser a alma da roupa, a estética é envelope”.

Sua coleção toda branca lançada em 1965 teve efeito comparável ao “New Look” de Dior em 1947. Conferia um ar de juventude  que acabou sendo o padrão de estilo por toda a década de 1960.

Antes da mini saia de Mary Quant, Courrèges já havia encurtado as bainhas. Suas propostas eram inéditas por não trazer nenhuma referência a tendências de épocas passadas.

Pierre Cardin

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Pierre Cardin foi outro estilista francês a embarcar nesta visão do futuro. Sua coleção de 1964 foi chamada de “Space age”, onde as modelos se comportavam como robôs.

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Na coleção Cosmos, apresentou o que seria aos seus olhos e imaginação coletiva, as roupas do futuro. Muito preto contrastando com cores vibrantes como laranja, amarelo, azul bic, roxo, pink e vermelho. Luvas de couro pretas ou coloridas que encobriam até acima dos cotovelos, botas “espaciais” que nada mais eram do que as botas “over the knee” de hoje, porém, de verniz, um material absurdamente tecnológico e inovador, na época.

Seus vestidos curtos pareciam criados com régua e compasso.

Foi dele também a idéia do unissex (atualmente genderless). Apostava em um estilo futurista onde as roupas seriam as mesmas para os dois sexos. Macacões, túnicas, colantes, terninhos, conjuntos, leggings, roupas elásticas justas ao corpo que só mudavam a forma na silhueta masculina ou feminina.

Suas peças foram tão copiadas que durante dois anos proibiu a imprensa de cobrir seus desfiles, por achar que a divulgação com antecedência favorecia a cópia.

O visionário Cardin não só era bom em antecipar tendências, como em prever negócios de muito futuro. Colocou sua grife presente em todo mundo, assinando mais de 540 licenças para produtos, do vestuário a restaurante.

Efeito metálico

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Vivemos os efeitos de uma pesada invasão metálica que salta das passarelas para as ruas com propostas que se ajustam ao cotidiano.

Os mais influentes estilistas atuais recuperam o brilho dos metais em sotaque cibernético, glamouroso ou futurista.

Da roupa aos acessórios o metal recupera o brilho e deixa de ser exclusivo para a noite ou ambientes sofisticados.

Lurex, strass, alumínio, couro, argolas, matérias primas metalizadas, fivelas, rebites e o zíper de metal deslizam perfeitamente em produções informais.

Paco Rabanne

paco-rabannecirca 1966: French fashion designer, Paco Rabanne. (Photo by Keystone/Getty Images)

A tendência espacial dos anos de 1960 não rejeitou tecidos tradicionais como a lã, o algodão e a seda, mas colocou no mercado novos materiais nunca antes testados na moda como os tecidos dublados com entretelas mais firmes, o vinil, o náilon, os sintéticos, o plástico e principalmente o metal.

O brilho do metal, lembrando cintilantes aeronaves se tornou uma obsessão na década de 1960 e tanto podia aparecer nas fivelas de Pierre Cardin como em vestidos completamente confeccionados em metal por Paco Rabanne.

Rabanne foi o primeiro a apresentar em 1966 vestidos feitos inteiramente de placas de metais ou argolas metálicas tecidas.

De Françoise Hardy, a Audrey Hepburn e até as “Bond girls” brilharam com suas vestes de malhas galácticas confeccionadas de metal em forma de laminas, argolas e peças de aço com o alicate substituindo a tesoura e a agulha.

Foi Paco Rabanne quem desenhou o mítico figurino de Jane Fonda para o filme “Barbarella”.

De olho em Rudi Gernreich

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Se na França André Courrèges, Paco Rabanne, Ted Lapidus, Louis Férraud e Pierre Cardin respondiam pelo  movimento futurista dos anos de 1960, nos Estados Unidos, o austríaco Rudi Gernreich estava tão à frente de seu tempo que os costumes vigentes não conseguiam acompanhar o seu ritmo.

Um dos raros costureiros que deixavam atrás de si um rastro de vanguarda e escândalo.

Foi o primeiro costureiro a ter uma roupa rejeitada pelo conservadorismo da época, pré top-less.

Foi dele a idéia do monoquíni que criou uma discussão internacional em torno do corpo e das liberdades femininas.

Também criou uma série de designs para os sutiãs femininos. “Sutiã não sutiã” (feito de taças de náilon moldada), “sutiã sem lados” (para cavas profundas), “sutiã sem frente” (para decotes até o umbigo), sutiã sem costas (ficava preso em volta da cintura). Outras inovações do estilista incluem meias estampadas e maiôs de nadadora semelhantes às túnicas de ginástica.

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A manequim Peggy Moffit, favorita de Rudi Gernreich, tinha seus olhos realçados com um make artístico e cabelo geométrico por Vidal Sasson.

Dolce & Gabanna já usou este look para vender óculos.

Xico Gonçalves
Xico Gonçalves
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