O luxo moderno é muito mais do que joias ou carrões
O jeans atual é uma roupa caríssima feita para lembrar looks de pessoas sem grana nenhuma.
O jeans que surgiu como roupa de trabalho para vestir trabalhadores braçais que precisavam de uniformes resistentes chegou ao mainstream do luxo.
Não é a primeira vez que alcança esse mercado, mas agora está sendo chamado de haute denim ou denim couture
As marcas mais influentes do mundo como Gucci, Alexander Wang , Alexander McQueen (foto acima e abaixo), Vetements , Balenciaga, Saint Laurent e Prada investiram nesta tendência com muita força
Cada um deles recriou uma vertente do espírito do denim
O jeans de Alessandro Michelle (Gucci) é nostálgico em diálogo com o sonho hippie, que protestava contra a guerra e pregava a vibe do “all you need is love”.
Os jeans dessa galera não podiam ser lisos, eram decorados à mão com retalhos, patches, aplicações de flores e taxas. Mas no fundo é um jeans comportadinho.
A Vetements é um fenômeno como há muito não se via na moda
Está rendendo todas as grandes maisons a detalhes de sua estética estranha e crua
Alexandre Wang apostou em looks rasgados como herança dos movimentos punks, grunges, clubbers, jovens que “dão trabalho” para a família, como o estilista definiu. Rebeldes de butique (ou não) e hedonistas cool se reconhecem nesta marac.
A cereja rebelde da moda com calças jeans que custam mais de mil euros cada uma é a Vetements e o jeans da marca mistura elementos do streetwear popular e proletário da Europa Oriental dos anos 1980 e 1990, imagens brutas, que vão fundo no registro outsider, e tecidos e técnicas de altíssimo luxo.
O denim vale ser olhado de perto.
Os dois hits são uma calça feita com duas, como se as partes fossem rasgadas e depois unidas, e outra com bolsos e cós deslocados.
A Vetements faz lembrar no conceito os japoneses e a tendência “pauperismo” que mudou os caminhos da criação de roupas à partir dos anos 1980, quando o estilo foi lançado em Paris.
Só que eles conseguem o mesmo efeito sem o dramatismo dos japoneses, já que usam uma simples calça jeans com moletom, mas com novas silhuetas.
Follow the Money
Quando a moda muda seus clássicos de base, novos grandes desejos estão se formando no mundo.
Muita coisa mudou desde do lançamento da Diesel jeans na década passada.
A grife transformou em fetiche a simplicidade das coisas tradicionais com preço dez vezes maior.
Lançaram uma nova categoria de jeans batizada de “premium” ou “de luxo”, referindo-se a calças que custavam de US$ 75 para cima.
O blue jeans perdeu a orgulhosa raiz proletária e se transformou em símbolo de status.
Jeans premium
Longe de ser raridade, jeans na faixa de US$ 200 estão por toda parte.
E não é exagero dizer que hoje um jeans pode custar tanto quanto um iPod (Jeans Tsubi, US$ 319), um Motorola Razr ( jeans “vintage” Levi’s, US$ 325), ou um computador desktop com a impressora incluída (Jeans Nudie com tintura vegetal, US$ 428).
Nos últimos 15 anos o jeans de luxo foi a categoria de crescimento mais rápido do setor de vestuário.
Mas o que exatamente são jeans premium? E por que eles são diferentes dos milhões de calças comuns vendidas o tempo todo?
Atributos obscuros como tecido de trama circular, costura tripla, franjas ou tratamentos especiais que desgastam e torturam um par de calças até ela atingir exatamente a pátina luxuosa de algo que foi arrastado atrás de um caminhão, são algumas das características que tentam justificar um jeans de mais de US$ 200.
Talvez o excesso e a semelhança dos produtos nesta esfera de mercado conspiraram para este novo culto de especialização.
Blue Cult
Qual é o elemento indispensável na fabricação do jeans de luxo perfeito?
O processo de fabricação das peças chega a durar cerca de 40 dias.
Quase o mesmo tempo de um vestido de alta costura.
Em cada peça são aplicados pelo menos quatro processos complicados.
Antes tudo era feito manualmente, agora é com alta tecnologia, como o laser, por exemplo.
É impressionante o alto investimento em efeitos especiais de beneficiamentos em lavanderia que as melhores marcas de jeans no mundo estão fazendo.
O mínimo dos processos usado nas peças é quatro: lixado, used sobre o lixado, bigodes e jato de pigmento, mas quase todas marcas utilizam 4 a 6 processos artesanais.
Jeans Couture
Mas o mais importante de tudo está na modelagem.
Design padrão couture.
Tudo se resume a como veste no bumbum. Por melhor que seja a lavagem, o detalhe ou a marca, se não ficar bom no bumbum, não vende.
O que vem por aí
O destroyed vem quase sempre acompanhado de um “sujinho” em seus contornos, bem menos brusco e evidente.
Patchwork de diversas tonalidades de jeans
Jeans e metal
O devorê ou rasgado, seja qual for o nome usado, assim como o bigode pneumático sombreado, o jato de areia, fast pin localizado, respingos de resina localizada, lixada de máquina, corrosão no lixado, lixado manual utilizando-se molde colocado na parte inferior da peça, arruined’s localizado e corrosão sobre lixado mudam as caracteristicas do tecido transformando em alguma coisa única.
Marcas Premium internacionais
D Squared,
Citizen,
Chip Peper,
Seven,
Earnest,
Notify,
Joe’s,
Tsubi,
Hudson,
Yanuk,
Earl,
Nudie,
Vintage Levi’s,
Diesel,
AG,
Rock & Republic,
Antik,
True Religion (favoritos do hip-hop)
O japonês Evisu
O jeans Evisu foi lançado em 1991.
O brim é tecido em antigos teares de lançadeira, diferentes dos atuais, deixando bordas limpas no tecido.
São tingidos usando o que o site da marca chama de equipamentos “raros e antigos”, que significa máquinas de pouco mais de 40 anos.
Cada jeans Evisu recebe 16 até 30 “banhos” para adquirir o tom de índigo profundo.
E como os antigos teares são estreitos, cada par de jeans exige pelo menos três metros de tecido.
O resultado final, com uma gaivota estilizada (que lembra o Pão de açúcar) costurada no bolso traseiro, custa cerca de US$ 635.
Não é por acaso que a Evisu é o nome do deus japonês da pilhagem.